Edifício de linhas arrojadas e três milhões de euros de investimento pretendem colocar cidade algarvia na rota da investigação tecnológica. Projecto e terreno estão prontos, mas patrocinadores são, por enquanto, assunto tabu.
São autónomos, desempenham tarefas e são até capazes de fazer companhia; mas também precisam de cuidados e de um espaço para dormir. Não falamos de animais domésticos, mas sim de robôs, que vão passar a ter casa própria e até um hospital, em Tavira.
A ideia está a ser desenvolvida numa parceria entre a Câmara de Tavira e o e artista plástico Leonel Moura que, desde o passado sábado, apresenta na cidade do Gilão uma exposição com trabalhos gráficos produzidos por um robô com capacidade de fazer desenhos originais e decidir quando a obra está terminada.
Aproveitando a presença do artista no Palácio da Galeria, a mais importante sala expositiva da cidade, a autarquia decidiu tornar público o projecto que pretende, dentro de três anos, colocar Tavira na rota da robótica e da investigação ligada à inteligência artificial.
Apelidado de «Grande Robotarium de Tavira», a ideia será inspirada pela estrutura de características semelhantes já instalada em Alverca desde 2007: uma espécie de zoo para robôs cujo recheio é, na quase totalidade, composto por pequenas máquinas autónomas.
Mas apenas os traços gerais do projecto serão semelhantes, uma vez que o edifício algarvio terá linhas arrojadas, juntando as formas de nove sólidos geométricos, ao longo de dois mil metros quadrados de área.
Além disso, será feito a partir de materiais como o aço e o vidro, de forma a permitir a entrada de energia solar destinada à alimentação dos robôs que por ali irão circular livremente.
«Queremos uma versão arrojada, embora com custos bastante controlados. Ao início, fez-se uma estimativa na ordem dos três milhões de euros e é por isso que tracei várias hipóteses e o edifício já vai na terceira versão», explicou o artista plástico ao «barlavento».
Enquanto se acertam os pormenores finais, Macário Correia diz estar a resolver a «engenharia financeira» do projecto, mas, quer o autarca tavirense, quer o mentor do Robotarium não escondem que estão a ser procurados patrocinadores privados.
Também de um lado e de outro reina o silêncio, havendo apenas a garantia de que o apoio não será exclusivamente regional. «Para uma estrutura com estas características, naturalmente que temos de procurar parcerias ao nível do país», prosseguiu Leonel Moura, que se recusou a avançar mais pormenores.
De qualquer forma, entende que o Robotarium terá «rentabilidade comercial e cultural» e pode vir a acolher actividades de investigação ligadas à robótica, à inteligência artificial ou até mesmo criar ligações ao gigante da tecnologia MIT.
A participação da Universidade do Algarve, das escolas e dos Centros de Ciência Viva no projecto são outras das hipóteses em aberto, tendo em contra a falta de formação na área.
«O Algarve é pobre no campo da robótica e é das regiões do país que possui menos pólos tecnológicos. Além disso, hoje em dia há um tipo de turista que gosta de coisas arrojadas, à semelhança das loucuras arquitectónicas que se fizeram no Dubai», observou Leonel Moura.
Perfeitamente definido está o local do Robotarium, que assentará estrutura no antigo campo de feiras de Tavira, cuja desactivação está prevista até ao final do ano. Como companhia, terá um parque urbano, uma nova escola, além do futuro centro comercial Gran Plaza.
Quanto ao recheio da futura casa dos robôs, esse parece ser o problema menor. «Já fiz vários contactos internacionais e a receptividade tem sido boa. Depois do espaço concluído, não faltarão dezenas ou centenas de investigadores e empresas que aqui queiram colocar os seus robôs», concluiu o mentor do projecto.
Fonte:
http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=32357