Eu tenho dois compressores silenciosos a funcionar, tão silenciosos quanto frigoríficos porque usam compressores de frigoríficos. Mas não são pêra doce de usar nem de manter.
1 – Este tipo de compressores atiram muito óleo para a saída porque em funcionamento em frigoríficos é bom que assim seja (ou, pelo menos, não representa inconveniente). No circuitos frigoríficos o óleo expulso pelo compressor volta ao compressor depois de ‘dar a volta’ na tubagem, portanto, tudo bem.
2 – É preciso, portanto, duas coisas. Apanhar o óleo à saída (usando um separador) e recolocar óleo novo de vez em quando (senão gripa).
3 – Visto que o compressor vai comprimir ar, ele vai comprimir a humidade do ar. Quando a pressão sobe a humidade é expulsa do ar e dissolve-se no óleo. Portanto o óleo agarrado à saída não pode ser aproveitado, aliás, nem se parece com óleo.
4 – Não se pode usar o óleo que vem com o compressor porque, combinado com a água (da atmosfera), transforma-se numa espécie de massa consistente não escorrendo facilmente para o fundo do separador. É preciso remover o óleo que está inicialmente no compressor e colocar óleo de compressor de ar comprimido. Com este óleo a mistura óleo e água fica mais líquida e escorre para o fundo do separador de onde pode ser removido periodicamente (no meu caso a cada 15 dias). Mesmo assim tive que fazer o meu separador ou teria que gastar uma fortuna num separador decente.
5 – Para remover o óleo vira-se o compressor de forma que o tubo de aspiração fique virado para baixo mantendo o outro tubo da aspiração aberto (habitualmente têm 2 tubos de aspiração, mas um está habitualmente tamponado (soldado, mesmo). Convém medir-se a quantidade de óleo que lá estava.
6 – Para meter óleo põe-se a trabalhar, fecha-se um dos tubos da aspiração e mergulha-se o outro tubo no óleo.
7 – Convém fazer passar o ar da saída do compressor (sai quente) por um dissipador (eventualmente com ventoinha) antes de ir ao separador de óleo para ajudar à condensação da água e para evitar aerossóis de óleo que escapem ao separa dor de óleo.
… depois é um bocado a olho. O óleo a colocar deve ser um pouco menos que o que foi expulso, porque este contém água e não queremos, com o tempo, encher o compressor até às orelhas. Claro que se pode instalar um visor de nível mas é preciso abrir-se um furo no fundo do compressor e fazer-se uma rosca sem danificar o que lá está dentro (a outra ponta do visor vai a uma das entradas da aspiração)
A pressão do carter (barriga) vai ser sempre a pressão atmosférica. Os motores dos compressores estão desenhados para serem arrefecidos pelo gás frigorífico que lá circula. Esse gás tem tem uma muito melhor capacidade para absorver calor porque é melhor que o ar e está normalmente a várias vezes a pressão atmosférica, nalguns casos 8 vezes ou mais (depende do compressor – eles são diferentes de acordo com o gás com que trabalharem). Moral da história, Ao fim de 10 minutos de trabalho o compressor começa a ferver e a protecção térmica que está colocada junto dos terminais eléctricos dispara e tem que se esperar mais de uma hora para que ele rearme.
Convém colocar um filtro de ar à entrada. Eu uso um daqueles em ziquezagues de cartão.
Eu trabalhei uns anos nestas manobras, vou-me desenrascando, mas é um saco conseguir ter a coisa a funcionar. Mas que é silencioso, é.