Dúvida com fonte de alimentação comutada

[filjoa]

Boa noite pessoal,

venho aqui partilhar uma duvida que me apareceu hoje, e a qual dei o dito "NÓ".

Numa fonte comutada tipo, https://mauser.pt/catalog/product_info.php?products_id=035-2544, é normal ter valores entre o "negativo" a "terra" do edifício, igual ao valor que essa mesma fonte está a debitar entre o "negativo" e "positivo"?

Obrigado

[jm_araujo]

Dás pouca informação, mas vou assumir que estás a falar de tensão.
Numa fonte comutada isolada há casos que não há nenhuma ligação entre primário e secundário além do transformador, e qualquer tensão que apareça no secundário relativa à entrada (tanto terra como linha/neutro) é devida aos efeitos capacitivos parasitas entre os enrolamentos do transformador.
Há outros casos que são adicionados condensadores Y entre a(s) entrada(s) e a(s) saída(s), para reduzir as interferências electromagnéticas (EMI), e esses condensadores apesar de uma impedância elevada conduzem sempre qq coisa para o secundário.

Agora em ambos os casos a tensão é medida é quase sempre irrelevante, porque é de impedância elevada, incapaz de fornecer qualquer corrente de jeito. Basta tocares num dos terminais de saída e na terra em simultâneo com as mãos que vais ver o valor da tensão a mudar. Se tiveres medinho, mete uma resistência de umas dezenas ou centenas de kOhm em paralelo com o multímetro e vais ver que a medida desce para zeros. Só consegues medir porque nos dias que correm os multimetros são espetaculares e tem impedâncias de dezenas de MOhm.

[filjoa]

viva

Obrigado

desculpa, mas sim estou a falar em tensão.

Este problema ocorreu num circuito em loop de uma central de incêndio, mas entretanto no meio de quase 1Km de cabo lá consegui encontrar dois troços de cabo defeituoso nos condutores... e entretanto essa situação de medir voltagem entre o terra e o negativo desapareceu.

Mas agora deparei-me que o mesmo problema está a aparecer, num quadro de ventilação, na secção de comando dos 24Vdc.

Agora assim que possa, vou fazer o teste do "dedo", se levar um caloiro comigo, ou da resistência se for só eu

PS: tudo isto porque a semana passada o relé que está a ativar essa ventilação simplesmente colou e mandou a baixo o meu sistema, sem que eu tenha dado qualquer ordem ao relé para mudar de estado. Isto pode ser por muitos motivos, mas o mau isolamento penso que será sem duvida um dos mais críticos.

cumps

[jm_araujo]

É pá, isso muda tudo!
Como me queixei, deste pouca informação! Se a fonte está conectada a fios ou outros dispositivos, obviamente que podem ser eles os causadores desse efeito.
Mais não seja com 1km de cabos vais ter tensões induzidas e possibilidade de "ground loops".

[filjoa]

É possivel anular ou minizar esse efeito de "ground loop" de uma forma simplista?

Eu por acaso tenho esse problema tb no tal quadro de ventilação que eu tenho de controla por os meu relé,  e tenho receito que essa passagem à terra possa gerar tensões mais altas e o meu relé só aguenta 115v.

[jm_araujo]

Os ground loops acontecem quando um fio faz um "anel" de dispositivo em dispositivo até fechar o mesmo (daí o loop). É um problema porque funciona como se fosse um enrolamento secundário de um transformador, em que o primário são os circuitos de potência com se se cruza no percurso (que geram campos magnéticos e induzem correntes). O que vai acontecer é que pode aparecer uma corrente a circular nesse loop devida a essa indução e levar que certos nós fique a potenciais mais elevados e gerem interferências. É um problema principalmente com as massas no mundo do audio (palcos, estúdios), que julgas que tens duas vias isoladas mas partilham a massa de uma alimentação: imagina um guitarrista com pedaleira mas que tem um microfone com um pré que partilha um transformador com os pedais, deixa logo se ser independente e gera um anel que vai causar ruídos.

Evitar é ter cuidado com a tipologia da rede, e se for mesmo impossível meter alguma forma de isoladores a meio.
Não sou familiar com os sistemas de controlo e alarme, mas suponho que tenham medidas de mitigação implementadas nas normas.
Uma das formas mais comuns de evitar esse problema é usar sinalização diferencial. Para transmissão de dados o RS485, usado no DMX de controlo de luzes e outros dispositivos de palco, trabalha em ambientes bem hostis.
Outra solução é controlo de corrente, que sei que é usado em controlo industrial e no MIDI. Saem dois fios, forças corrente neles para indicar um estado, desligas para outro. Se houver diferencial de tensões é indiferente porque normalmente as correntes são pequenas comparadas com que que forças.
Por exemplo se quiseres ligar um relé remotamente, se mandares os dois fio de controlo juntos, se estiverem isolados e em bom estado ( sem cortes), diria que é impossível ser atuado por qualquer interferência, porque o relé precisa de umas centenas de mA para ligar.

Disclaimer: sou apenas curioso destas áreas, e se tive contacto com elas foi pontual, o conhecimento adquirido é de
ser curioso e ir absorvendo conhecimento na net. Não presumo estar ao nível de que quem trabalha com elas. Na verdade  posso estar só a dizer merda e aceito de bom grado quem me corrija. O efeito Dunming-Kruger é real e muito cabrão.

[dio123]

Já me aconteceu é por exemplo num sistema de videovigilância gravador 12v, e outra fonte de alimentação 12v 5A para 4 Camaras.
Acontece ocasionalmente ficar uma imagem riscas / interferências e pelo o que explicaram tinha haver com ground loop que as camaras e o cabo podia gerar.
Na altura vi algures num forum ligar o GND ao chassi do próprio gravador, já fiz isso algumas vezes e a imagem fica logo nítida.

[filjoa]

 jm_araujo - Obrigado por as dicas,

Aproveito para dizer que mas marcas destes equipamentos de detecção de incêndio, à data de hoje, estão muito longe de se preocuparem com a realidade de certas instalações, o que me leva, como técnico da área, por vezes a perder horas, para apanhar este tipo de problemas, e principalmente eliminar os mesmos.

Quando falamos numa instalação pequena, é "fácil", controlar o instalador, e por vezes o corrigir, agora quando tens quase 600 equipamentos espalhados por km de cabo, torna-se complicado.

Penso que as marcas. com o desenvolvimento eletrónico que temos hoje em dia, podia e conseguiam fazer sistemas bem mais robustos, mas acredito que devido à dificuldade que é, certificar um sistema de segurança contra incêndios, leve as marcas a limitar-se em fazerem meros upgrades aos sistema e enquanto assim for, teremos sempre problemas deste tipo.